domingo, 24 de fevereiro de 2008

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA PARADA BLAUTH

A ESTAÇÃO: A parada de Blauth foi inaugurada em 1928, de acordo com o Guia Geral de 1960. Ariosto Borges Fortes dá esta data como tendo sido em 10/01/1912, portanto bem antes. Ficava numa estação de veraneio. Era chamada também de Desvio Blauth. "Segundo consta, um dos primeiros ou o primeiro veraneio importante no Estado foi o Veraneio do Desvio Blauth, terceiro distrito do município de Farroupilha. Este hotel ficava numa parada obrigatória do trem para se abastecer de água, o que o transformava num ponto de atração especial, na época e na região. Neste veraneio, que operou entre 1930 e 1960, até fins da década dos anos 50, do século XX, eram recebidas famílias inteiras, sendo os seus membros distribuídos em vários alojamentos: de casais, com os quais ficavam os filhos menores, de rapazes e de moças. Existiam normas sobre meio ambiente, sobre horários de banhos no 'lago', sobre caminhadas no mato, sobre a hora de apagar a luz (gerada autonomamente na pequena central hidroelétrica própria, movida pela água do reservatório da barragem), sobre o horário das refeições e sobre o comportamento em geral. Existia um salão de jogos, onde predominavam os jogos de cartas, um salão de festas, para reuniões dançantes e outros atrativos, entre os quais passeios de charretes e cavalgadas, bocha e jogo do osso. Nessa época, a região polarizada por Caxias do Sul e Bento Gonçalves transformou-se num núcleo importante de veraneio, a tal ponto que Bento Gonçalves, entre 1920 e 1955, contou com mais de 15 hotéis e pensões de veraneio, para onde fluíam as famílias abastadas e de classe média da região de Porto Alegre e de outros núcleos do Rio Grande do Sul. Hoje, no local do Veraneio Blauth, descendentes diretos da família Arenhaupt, mantém uma micro-empresa chamada "Paraíso das Cabrinhas", com a esperança de recuperar a pousada que tanto prestígio teve no passado. Era uma clientela que buscava isolamento, repouso, boa comida e bom atendimento. Os homens jogavam cartas e bebiam grapa e vinho colonial, comiam salame e pão feito em casa; também davam uma escapada até uma boa bodega. As mulheres faziam crochê, conversavam entre elas e visitavam as "colônias" em busca de alguma curiosidade e para comer uva. As crianças passeavam de charrete, visitando e conhecendo as plantações e os parreirais. Era um típico veraneio familiar e interiorano, com comida farta. A partir de 1931, com a organização da primeira Festa Nacional da Uva e do Vinho, em Caxias do Sul, a região passou a ser conhecida nacionalmente" (Hotel Dall'Onder: Uma empresa sociotélica, Rogerio Ortiz Porto, julho de 2002, p. 42-43). Quanto à paradinha... ainda existirá? (Fontes: Hotel Dall'Onder: Uma empresa sociotélica, Rogerio Ortiz Porto, UFRGS, Escola de Administração, Porto Alegre, julho de 2002; Guias Levi, 1940-1981; Relatórios da VFRGS, 1920-1968; VFRGS, suas estações e paradas, Eng. Ariosto Borges Fortes, 1962; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)